Donkey Kong Country Returns HD chegou ao Nintendo Switch com tudo, trazendo o caos selvagem que fez dele um destaque no Wii lá em 2010. Desenvolvido pela Retro Studios e agora repaginado para uma nova geração, este remaster promete visuais mais nítidos, controles mais precisos e toda a ação de coletar bananas que os fãs poderiam desejar. Quinze anos após sua estreia, ele desembarca em um console já lotado de realeza dos jogos de plataforma — Super Mario Bros. Wonder, Celeste e até seu próprio sucessor, Donkey Kong Country: Tropical Freeze. Então, será que essa volta em HD prova que Donkey Kong ainda é o rei da selva, ou é apenas um macaco velho se agarrando aos louros do passado? Depois de horas desviando de barris, cavalgando rinocerontes e xingando plataformas que desmoronam, aqui está o veredicto.
Um Retorno Nostálgico em Grande Estilo
Para quem não conhece, Donkey Kong Country Returns HD é um jogo de plataforma 2D que resgata o espírito da trilogia Donkey Kong Country dos anos 90, mas com um toque moderno. Você controla Donkey Kong (com Diddy Kong como parceiro no modo cooperativo ou como um power-up no modo solo), atravessando nove mundos vibrantes para recuperar seu estoque de bananas roubado pela tribo Tiki Tak. É uma premissa simples, mas que alimenta uma sequência implacável de pulos precisos, caos em carrinhos de mina e batalhas contra chefes que testam seus reflexos e paciência.
Logo de cara, o apelo principal do jogo é inegável: ele é uma aula de design de plataforma. A Retro Studios, os gênios por trás de Metroid Prime e Tropical Freeze, criou níveis que parecem verdadeiros circuitos de obstáculos vivos — cada um uma sinfonia bem ensaiada de partes em movimento. Num momento, você está se balançando em cipós enquanto o chão desaba; no outro, desviando de pedras flamejantes em um carrinho desgovernado. A variedade mantém você preso, e o ritmo garante que raramente haja um instante de tédio. Mesmo em 2025, essa fórmula parece atemporal, um testemunho de como o original resistiu ao tempo.
O remaster em HD não reinventa a roda, mas a faz girar mais suavemente. Os visuais, agora em Full HD 1080p (ou 720p no modo portátil), dão um impulso bem-vindo ao estilo colorido do jogo. Selvas explodem em tons de verde exuberante, praias brilham com areias douradas, e níveis industriais zumbem com um charme rústico. Não é uma reformulação gráfica total — as texturas e modelos ainda carregam o DNA da era Wii —, mas a resolução mais alta faz tudo saltar aos olhos o suficiente para parecer renovado. Combine isso com uma trilha sonora que mistura funk e frenesi (obrigado, David Wise e equipe), e você tem um pacote audiovisual que é puro conforto nostálgico.
Jogabilidade que Não Dá Moleza
Vamos falar da jogabilidade, porque é aí que Donkey Kong Country Returns HD ganha suas medalhas — ou melhor, suas bananas. Este não é um passeio casual ao estilo Mario; é um jogo de plataforma com garra. Donkey Kong se move com um peso satisfatório, seus socos no chão e rolamentos exigindo um timing preciso. O jetpack e as pistolas de amendoim de Diddy adicionam uma camada de finesse, permitindo que você flutue sobre abismos ou elimine inimigos à distância. Juntos, eles formam uma dupla dinâmica que recompensa quando você pega o ritmo.
O design dos níveis é a verdadeira estrela, no entanto. Ao longo de 80 fases (incluindo as oito extras da versão 3DS), você enfrenta uma enxurrada de desafios que demandam habilidade e persistência. Coletar as letras K-O-N-G e peças de quebra-cabeça em cada nível é o sonho — ou pesadelo — de qualquer completista, dependendo da sua tolerância a erros e acertos. Alguns estágios são diabolicamente difíceis, como as corridas em barris-foguete que exigem ajustes em frações de segundo ou os níveis em silhueta onde o timing é tudo. É duro, mas justo — cada morte parece culpa sua, não do jogo.
Para quem acha a dificuldade intimidadora, o remaster traz de volta o “Modo Moderno” (antes chamado de “Modo Fácil” no 3DS), que dobra seus corações e enche a loja do Cranky Kong com itens extras, como invencibilidade temporária. É um aceno gentil à acessibilidade, embora os puristas possam ficar com o “Modo Original” para a experiência autêntica e suada. De qualquer forma, a curva de dificuldade é íngreme, mas gratificante — vencer uma seção complicada é uma vitória pessoal, e alcançar 100% (ou até 200% com os desafios de tempo) é uma conquista para os dedicados.
Chegando ao Switch com Estilo
Então, o que há de novo no Switch? Além dos visuais em HD, a maior melhoria está nos controles. O original do Wii apostava pesado nos comandos por movimento — chacoalhar o controle para socar o chão ou soprar cipós —, o que era inovador em 2010, mas parece desajeitado hoje. Agora, você pode usar botões tradicionais, mapeando tudo nos Joy-Cons ou no Pro Controller com precisão. É uma mudança revolucionária, tornando a experiência mais intuitiva e menos gimmick. Os controles por movimento ainda estão disponíveis para os nostálgicos, mas acredite: depois que você experimenta os botões, não volta atrás.
O remaster também inclui as oito fases extras do 3DS, elevando o total de mundos para nove. Esses estágios — como o ardente “Red Red Rising” ou o traiçoeiro “Lift-off Launch” — se encaixam perfeitamente aos originais, adicionando algumas horas a mais de conteúdo para veteranos que já dominaram o jogo base. Não é um território novo revolucionário, mas é um toque extra bem-vindo.
O modo cooperativo local para dois jogadores também está de volta, permitindo que um segundo jogador entre como Diddy Kong. É uma ideia divertida no papel — juntar forças para enfrentar o caos —, mas na prática, é meio bagunçado. Os níveis não foram desenhados pensando em co-op, então vocês acabam trombando um no outro ou morrendo em armadilhas que parecem implacáveis com dois jogadores sincronizados. É uma explosão com o parceiro certo (e muita comunicação), mas o modo solo continua sendo a experiência mais limpa.
Onde Ele Tropeça
Por mais que Donkey Kong Country Returns HD brilhe, não está livre de defeitos. Para começar, o preço — R$ 300 no Brasil ou $60 nos EUA — é difícil de engolir. Não é um remake completo como Metroid Prime Remastered ou um port cheio de extras como Mario Kart 8 Deluxe. É um remaster de um jogo de 15 anos com um retoque visual, um modo extra e algumas fases já lançadas antes. Para novatos, isso pode justificar o custo, mas se você já jogou no Wii ou 3DS, há pouco aqui que exija um novo investimento, a menos que você seja fã fervoroso.
O jogo também mostra sua idade de formas sutis. Os checkpoints são escassos, o que significa que um único deslize pode te mandar de volta ao início de uma seção exaustiva. Reiniciar após uma morte não é instantâneo — você precisa esperar uma breve tela de carregamento que parece desnecessária no hardware do Switch. Comparado a Tropical Freeze, que corrigiu essas falhas com um ritmo mais rápido e design mais generoso, Returns HD parece um rascunho mais bruto. Ainda é ótimo, mas não é o auge do trabalho da Retro Studios.
Visualmente, embora o upgrade em HD ajude, as origens do jogo são inegáveis. Modelos de personagens e texturas podem parecer quadrados de perto, e os ambientes não têm o detalhe que você esperaria de um título moderno do Switch. É encantador em sua simplicidade retrô, mas não está ombro a ombro com os platformers mais chamativos do console. E para jogadores brasileiros, a falta de localização em português dói — ao contrário de Super Mario Bros. Wonder, não há texto em português aqui, o que parece uma oportunidade perdida em 2025.
Uma Volta Dignificante ou Apenas Lucro Fácil?
Então, onde Donkey Kong Country Returns HD se encaixa no grande esquema das coisas? É um jogo de plataforma fantástico em sua essência — um que ainda se sustenta graças às suas mecânicas sólidas e design de níveis inventivo. Os visuais em HD e os ajustes nos controles o tornam a forma definitiva de jogar, e a inclusão das fases do 3DS adiciona um pouco mais de carne ao pacote. Para quem perdeu na época ou quer um platformer desafiador para se aprofundar, é uma recomendação fácil — especialmente se você conseguir pegá-lo em promoção.
Mas o preço cheio de R$ 300 paira como uma sombra. Sem conteúdo novo significativo ou uma reformulação mais profunda, é difícil não sentir que a Nintendo está apostando na nostalgia em vez da inovação. O Switch já abriga Tropical Freeze, uma sequência superior que é mais barata e polida, sem mencionar uma enxurrada de outras joias de plataforma. Para jogadores veteranos, as melhorias podem não justificar o custo, e até os novatos podem se perguntar por que isso não custa mais perto de R$ 200.
Considerações Finais
Donkey Kong Country Returns HD é uma carta de amor a uma era passada dos jogos de plataforma — difícil, encantador e descaradamente old-school. Não é o rei da selva do Switch, mas é um competidor digno que prova que Donkey Kong ainda tem gingado no passo. Se você está com vontade de uma dose de ação retrô com um brilho moderno, isso vai saciar essa vontade — só não espere que ele reescreva as regras. Pegue uma banana, prepare-se para explosões brutais de barris e decida por si mesmo se esse macaco vale o preço do ingresso.
RESUMO
Donkey Kong Country Returns HD traz o clássico de 2010 ao Switch com visuais em HD e controles aprimorados. O jogo brilha com sua jogabilidade precisa, níveis criativos e dificuldade desafiadora, mas justa, em 80 fases vibrantes. A inclusão das fases do 3DS e o “Modo Moderno” são acréscimos bem-vindos, mas o preço de R$ 300 decepciona para um remaster sem grandes novidades. Apesar de envelhecido em alguns aspectos, como checkpoints escassos e co-op confuso, é uma volta nostálgica que agrada novatos e fãs — especialmente em promoção.
Pontos Positivos
- Jogabilidade precisa
- Níveis criativos
- Visuais em HD
- Controles aprimorados
Pontos Negativos
- Preço alto
- Falhas de design datadas
- Falta de conteúdo novo
- Co-op irregular